Os donos da CHP (a partir da esquerda),
Guilherme Richter, Leonardo Mauro Jr , Bruno Richter e Fábio França
Os recursos são geridos pela Inseed Investimentos e pela Performa Investimentos, responsáveis por prospectar negócios com alto potencial de crescimento, que tenham como foco o meio ambiente.
Criado em 2012, o Fima destinou R$ 165 milhões à Inseed e R$ 176 milhões à Performa. Juntas, as duas gestoras do fundo já aportaram R$ 261 milhões em 15 empresas. Agora, buscam cerca de oito negócios para investir os R$ 80 milhões restantes.
Fundada em 2011, a CHP Brasil Indústria e Comércio de Geradores está entre as empresas já selecionadas. “Recebemos a primeira parte do aporte de R$ 7,5 milhões no início do ano. O recurso será usado para aumentar nossa capacidade de produção, expandir a área comercial, desenvolver novos produtos na área de energia alternativa, contratar pessoal e implantar a área de marketing para divulgar o produto e a marca”, diz Fábio França, um dos quatro sócios.
A CHP produz e comercializa geradores a gás natural canalizado e a biogás. “Nosso produto não é poluente, além disso, o biogás e é uma fonte de energia renovável. Nosso objetivo é substituir a matriz de geradores a diesel, que domina 90% do mercado e junto com o carvão e a lenha são as fontes de geração de energia mais poluentes, por geradores a gás natural.”
Segundo ele, a CHP atende segmentos diversificados como residência, supermercado, laboratório farmacêutico, condomínio, shopping center, clínica e grandes indústrias. A empresa tem 20 funcionários e faturou R$ 10 milhões em 2015.
França conta que um representante do fundo participa das decisões estratégicas do negócio. “É um sócio que entrou para complementar e ajudar no dia a dia da empresa.”
Fundada em 2003, a Akmey Brasil nasceu para oferecer alternativa menos poluente à indústria têxtil. “A ideia do negócio foi dos meus pais, que são químicos. Eles criaram um modelo mais sustentável. O processo de tingir e beneficiar os tecidos é muito agressivo tanto para os tecidos quanto para o meio ambiente, por ser poluidor e consumir grande volume de água”, diz Massaru Aragão, um dos três filhos do casal. Todos trabalham na empresa.
Massaru Aragão, filho dos fundadores da Akmey
Ele conta que a Akmey produz produtos químicos para indústrias têxteis a partir do uso de biotecnologia. “Nossos produtos reduzem de 15% a 20% o tempo do processo, proporcionando diminuição do custo produtivo em torno de 10%.”
Outros benefícios são a redução do consumo de água e de energia, além de proporcionar artigo de melhor qualidade e durabilidade. “Com esse modelo, conquistamos aporte de R$ 3,5 milhões em outubro de 2015.”
Segundo ele, o dinheiro está sendo usado para expandir a empresa e divulgar o conceito do negócio no mercado. “Vamos ampliar a linha de negócios, estruturar a equipe comercial e profissionalizar os setores administrativos. Também iniciamos a internacionalização da marca na América Central e Latina.”
Após passar quatro anos desenvolvendo tecnologia inovadora voltada ao agronegócio, a TBIT chegou ao mercado em 2012. “Lançamos um sistema de análise de grãos, sementes e folhas automatizado, que substitui o processo de qualidade manual”, afirma Igor Chalfoun, um dos sócios.
Segundo ele, a tecnologia traz agilidade, confiabilidade, precisão e padronização ao processo, resultando em sementes, grãos e folhas de melhor qualidade. “Nosso negócio contribui para a solução do desafio da segurança alimentar, que é uma preocupação global. Conseguimos reduzir em até 80% o tempo de análise e padronizar processos que não existiam.”
Igor Chalfoun fundador da TBIT
Chalfoun diz que em 2014 a empresa recebeu R$ 2,1 milhões de aporte do Fima. “Com o recurso, estruturamos e amadurecemos a empresa. Aceleramos em vários anos o processo de maturação, porque o apoio também envolve conhecimento e rede de contatos, tão importantes quanto o dinheiro.”
Atuando desde 2007 no segmento de revestimentos para móveis, pisos, paredes, portas e batentes, a Lamiecco produz laminados ecológicos a partir da reciclagem de garrafas pet e pneus. “Reciclamos mais de oito milhões de garrafas pet por mês. Para cada 3 m² de piso ecológico Lamiecco, usamos 30 garrafas pet e um pneu de veículo de passeio. Já no revestimento para parede e box, usamos dez garrafas por m²”, conta Alexandre Figueiró, um dos sócios.
Ele afirma que a relação entre sustentabilidade e inovação sempre marcou o desenvolvimento dos produtos. “Essa postura resultou no aporte de R$ 9 milhões, feito em janeiro de 2014, pelo Fundo de Inovação em Meio Ambiente.”
Segundo ele, desde então, um representante da Inseed participa do conselho e dá suporte nas decisões. “Estamos usando os recursos para ampliar o mix de produtos e na compra de equipamentos. Hoje, cerca de 30% do faturamento já vem dos novos produtos. Também ampliamos o uso de ferramentas para planejamento estratégico e implantamos controles.”
Alexandre Figueiró, dono da Lamiecco
Figueiró conta que a meta da empresa é triplicar o faturamento nos próximos cinco anos. “Nossa taxa de crescimento médio, desde a fundação, tem sido de 22% ao ano.”
Segundo ele, os produtos da Lamiecco têm maior resistência a impactos e umidade, e alta durabilidade das cores. “Hoje, temos 45 funcionários e capacidade produtiva de um milhão de m² por mês. Esse dado comprova que temos um indicie de automação elevado. Fábricas com capacidade produtiva semelhante precisam ter, em média, 200 funcionários.”
O empresário diz que o próximo lançamento da marca ocorrerá dentro de um mês. “Trata-se de um piso patenteado pela Lamiecco e criado para substituir os pisos vinílicos. Todos os lotes do produto têm atestado de qualidade”, afirma.
Ele diz que o preço será de 10% a 15% mais competitivo. “Com a vantagem de ser sustentável e com capacidade superior de atenuar ruído, por conta da borracha de pneu que faz parte da composição do produto.”
O diretor da Inseed Investimentos, uma das gestoras do Fundo de Inovação em Meio Ambiente (Fima), Alexandre Alves, diz que o tempo de permanência do fundo nas empresa é, em geral, de dez anos. “Esse prazo é dividido entre o período inicial de quatro anos, quando ocorrem as etapas de investimento, e mais seis anos para maturar o aporte. Em seguida, ocorre o desinvestimento com a venda da cota de participação.”
Alexandre Alves, diretor da Inseed Investimentos
Alves diz que o fundo participa da gestão do negócio como um sócio. “Injetamos recursos para expandir empresas inovadoras com atuação associada a uma questão ambiental relevante. Esses tipos de negócios merecem obter apoio para crescer no Brasil e no exterior. Somos sócios ativos com metodologia de gestão apurada”, afirma.
Ele diz que além dos R$ 30 milhões do Fima que a Inseed tem disponível para investir em empresas que faturam até R$ 20 milhões, a gestora também tem R$ 202 milhões do fundo Criatec 3 para investir em empresas com faturamento de até R$ 12 milhões.
“Os empreendedores devem aproveitar essa oportunidade. Para obter detalhes, basta acessar a página www.inseed.com.br/fundos/fima e preencher um formulário para iniciarmos contato.”
Outra empresa que faz gestão do Fima é a Performa Investimentos. O sócio Guillaume Sagez conta que tem R$ 50 milhões para serem investidos em empresas que tenham um grande potencial de crescimento.
“De maneira geral, procuramos empresas com atuação nos segmentos de geração de energia renovável e distribuída, otimização de processo de logística, química verde, tratamento de resíduo e de água, e eficiência energética. Gostamos de investir em empresas que já estão operacionais e que precisam de recursos para crescer.”
Sagez afirma que a Performa não investe em empresas com faturamento superior a R$ 100 milhões. “Nosso mundo é das pequenas e médias empresas. Qualidade e motivação dos empreendedores em executar o plano de negócio são diferenciais que consideramos.”
Segundo ele, para pleitear o aporte basta acessar o site http://www.performainvestimentos.com/#/contato e encaminhar o projeto para análise. “Estamos montando o fundo Performa 3 que também terá pegada ambiental. Ele será lançado até o final do ano e será voltado para as áreas de agricultura, saúde e educação.”
Fonte: Estadão