O cerrado, um dos cinco biomas brasileiros e que é fortemente ameaçado pelo avanço das fronteiras agrícolas, nos dá muitas plantas medicinais.
Uma dessas plantas, que o povo já usa empiricamente há muito tempo, é a mama-cadela, ou Brosimum gaudichaudii, que é uma arvoreta baixa, retorcida como as plantas do cerrado costumam ser, de folhas verdes, lustrosas e que dá um fruto cheio de maminhas, de onde vem o seu nome popular.
Pois, a mama-cadela está sendo estudada na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Goiás na busca de tratamento efetivo para o vitiligo, doença de pele que faz com que a pessoa vá perdendo melanina e enchendo-se de manchas brancas.
A pesquisa é coordenada pelo farmacêutico Edemilson Cardoso da Conceição que, como explica ele neste programa do Globo Rural e nesta entrevista para a Radio EBC, busca a melhor maneira de se extrair da furanocumarina, princípio ativo que se encontra entre a casca da raiz desta planta.
O extrato da planta, gel e comprimidos já existem no mercado fitoterápico e de manipulação mas, agora a pesquisa busca desenvolver um produto que consiga alterar, no dna da célula, a produção de melanina. Também é fácil de se encontrar a casca da raiz da mama-de-cadela nos raizeiros locais das regiões de cerrado.
Popularmente, se conhece o uso do chá de mama-de-cadela, que é feito de folhas fervidas e a loção, que é feita de casca da raiz. Na nossa pesquisa para este artigo encontramos as seguintes receitas que são usadas já há muito tempo:
1) Chá de mama-cadela
Colocar 1 xícara de chá de folhas de ramos picados de Mama-cadela numa panela e cobrir com 1 litro de água fervente. Deixar repousar por 24 horas, coar e beber 2 xícaras por dia.
2) Loção de mama-cadela
Colocar 1 xícara de chá de cascas e raiz de mama-cadela picados numa panela e cobri com 1 litro de água fervente. Deixar descansar por 24 horas e passar 2 vezes ao dia nas partes afetadas.
A mama-de-cadela é uma planta encontrada somente no cerrado e, até hoje, sua utilização é por meio do extrativismo mas, pensando num futuro uso mais estendido, o EMATER-GO já realiza testes para plantio comercial e afirma que, em 7 meses após o plantio, as raízes da planta já possuem alto teor do principio ativo necessário para a produção de medicamentos, a furanocumarina.
Apesar de ser uma planta de uso comum pela populações do cerrado para varias doenças (vitiligo, manchas na pele, úlcera gástrica, resfriado, bronquite e má circulação), o pesquisador desaconselha o uso sem orientação clínica pois, em função da dose e da sensibilidade individual, a sua ingestão pode causar problemas de hepatotoxicidade. O chá e a loção, ao serem usados externamente, para banhar a pele, podem causar também problemas de fotossensibilidade e até queimaduras mais graves, caso se saia ao sol. Portanto, se usar, tome o cuidado de fazê-lo à noite e, passar bloqueador solar na região no dia seguinte.
Se for do seu interesse aprofundar esse conhecimento, recomendamos a leitura do material que há disponível no Herbanário Virtual.
Fonte: Green Me