Notícias

Brincar faz bem para o cérebro (inclusive dos adultos!) – e quem garante é a ciência

28/10/2016 09h34 | Atualizado em: 28/10/2016 09h46

O que o brincar pode fazer pelo seu cérebro? Ao longo dos últimos anos, diversas áreas da ciência têm se dedicado ao tema. E têm descoberto o poder da brincadeira, não só para o desenvolvimento das crianças, mas também para melhorar a qualidade de vida dos adultos.

Um desses estudos é conduzido pelo psiquiatra e pesquisador Stuart Brown, fundador do The National Institute for Play (Instituto Nacional para o Brincar, em português). Ele começou a estudar o tema quando percebeu, em suas pesquisas, que os grandes criminosos da história apresentaram uma enorme carência de brincadeiras em sua infância.

“Nada ilumina o cérebro tanto quanto brincar. Brincadeiras tridimensionais ativam o cerebelo, mandam vários impulsos para o lobo frontal — a parte executiva do cérebro —, ajudam o desenvolvimento da memória contextual, entre outros benefícios”, explica ele.

Uma pesquisa feita com ratazanas comprova a importância da brincadeira na infância para a sobrevivência na vida adulta. As ratazanas foram divididas em dois grupos, sendo que um deles foi impedido de brincar em determinada fase da infância. Quando confrontados com o perigo (o odor de gato), ambos grupos se esconderam. Entretanto, o grupo que não havia brincado se escondeu para sempre, e acabou morrendo. As que brincaram, lentamente voltam a explorar o ambiente e começam novamente a testar a segurança lá fora. Os ratos têm estruturas cerebrais parecidas com as nossas, por isso esses achados podem ser considerados importantes para os humanos também.

O OPOSTO DE BRINCAR NÃO É TRABALHAR. É DEPRESSÃO!
“Uma coisa muito peculiar sobre a nossa espécie é que fomos concebidos para brincar ao longo de todo o nosso curso de vida”, destaca Brown. Segundo o pesquisador, a base da confiança humana é estabelecida a partir dos sinais de brincar: tom de voz, gestos corporais, expressões faciais… E nós começamos a perder esses sinais, culturalmente, à medida que nos tornamos adultos. “Isso é uma lástima. Acho que temos muito a aprender.”

NEOTENIA: VOCÊ CONHECE ESTA PALAVRA?
Stuart Brown acredita que neotenia deveria ser o nome e o sobrenome de cada um de nós. A palavra significa a retenção de qualidades infantis na fase adulta. Segundo diversos estudos antropológicos e de outras áreas, os humanos são as mais “neotênicas” das criaturas: as mais juvenis, flexíveis, plásticas e, portanto, as mais brincalhonas. E isso faz toda a diferença em matéria de adaptabilidade.

Por isso, é importante que cada um de nós analise seu próprio histórico de brincadeiras. Cada um tem um histórico pessoal e único, e que raramente pensamos sobre.

FAÇA UM TESTE!
Tente resgatar na sua memória a mais antiga, clara e alegre lembrança de brincadeira de sua infância. Seja um brinquedo, um aniversário ou umas férias. E comece a construir, a partir da emoção dessa lembrança, como ela se conecta à sua vida agora. Esse resgate pode levá-lo a tornar a brincadeira uma ferramenta para a vida pessoal e profissional. “Você conseguirá enriquecer sua vida priorizando isso e prestando atenção a isso”, garante Stuart Brown.

“Assim, gostaria de estimular vocês todos a se engajarem não no diferencial trabalhar x brincar — no qual você separa tempo para brincar —, mas que sua vida se infunda minuto a minuto, hora a hora, com corpo, objeto, social, fantasia, em tipos transformacionais de brincadeiras. E creio que vocês terão uma vida melhor e mais realizadora”, completa.

*Este artigo foi inspirado na talk Brincar é mais do que diversão – é vital, apresentada por Stuart Brown no TED 2008. Assista abaixo à palestra, na íntegra. 

Leia sobre: AtividadeCriatividadeCulturaDiversãoLazerpesquisa