Depois de ser exibida com estrondoso sucesso no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a mostra “Picasso: mão erudita, olho selvagem” será inaugurada no dia 13 de setembro, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.
A exposição apresenta pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, cerâmicas e fotografias pertencentes ao Musée National Picasso-Paris. Organizada pelo Instituto Tomie Ohtake em conjunto com o Musée National Picasso-Paris, a mostra tem curadoria de Emilia Philippot, também curadora da instituição francesa.
As obras traçam um percurso cronológico e temático em torno de conjuntos que seguem as principais fases do artista desde os anos de formação, com o óleo sobre tela “L'Homme à la casquette” (1895), até os últimos de produção, como na gravura em metal “Couple: femme et hommechien. Avec femme à la fleur” (1972).
A exposição possibilita uma rara imersão do público no universo do artista espanhol, que viveu grande parte de sua vida na França. Das 138 obras, 109 são de Picasso: 27 pinturas, 42 desenhos, 20 gravuras e 20 esculturas, incluindo 12 cerâmicas, em sua quase totalidade nunca vistas no Brasil. Também integram a mostra 22 fotografias feitas por Andres Villers (1930-2016) em parceria com Picasso, e três fotografias feitas por Pierre Manciet durante as filmagens de "La vie commence demain" (1949), de Nicole Védrès, no ateliê do artista em Fournas, Vallauris, na França.
O filme, de 89 minutos, também poderá ser visto pelo público, junto com dois outros: “Guernica” (1950), de Alain Resnais e Robert Hessens, com 13 minutos, que aborda a obra-prima de Picasso, entre pinturas, desenhos e esculturas feitas por ele entre 1902 e 1949; e “Le Mystère Picasso” (1956), de Henri-Georges Clouzot, com 78 minutos, que revela seu processo criativo.
A curadora Emilia Philippot destaca o fato de que as obras expostas revelam para o público a ligação íntima e pessoal que alimenta toda a produção de Picasso, presente nos retratos íntimos da mãe do artista ou de seu primeiro filho, Paul, na celebração apaixonada da sensualidade feminina de Marie-Thèrèse Walter, e nas denúncias intransigentes dos males causados pelos conflitos contemporâneos, da Guerra Civil Espanhola ou da Ocupação da França pelas tropas alemãs.
“Escolhemos aproveitar o caráter específico da coleção para esboçar um retrato do artista que questiona sua relação com a criação, entre fabricação e concepção, implantação e pensamento, mão e olho”, afirma Emilia Philippot. Estão presentes nos trabalhos as experiências vividas por Picasso. “Os laços afetivos do amante, as dúvidas do homem, as alegrias do pai de família, os compromissos do cidadão: tudo se introduzia em sua arte”, completa.
Uma característica importante da exposição é que o acervo é composto por obras selecionadas e mantidas pelo artista ao longo de sua vida. São trabalhos que estiveram ao seu lado e pertencem ao Musée National Picasso-Paris, um dos mais importantes do mundo sobre o artista, formado por doações sucessivas dos herdeiros do pintor, em 1979 e 1990.
“Picasso: mão erudita, olho selvagem” fica em cartaz até 20 de novembro. A Caixa Cultural Rio de Janeiro fica na Av. Almirante Barroso, 25, Centro. Funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. Entrada gratuita.