De olho na competitividade do setor de energia eólica no Brasil, a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) criou um Grupo de Trabalho para formular propostas e contribuir com a definição dos temas estratégicos para o setor e para a indústria no médio e longo prazos. A perspectiva do GT é atingir 30GW em 2025, considerando 25,1GW previstos no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2025) e 5GW que poderão ser exportados pela indústria brasileira. Na reunião realizada em Brasília, o GT validou o documento Plano Nacional de Desenvolvimento Setorial em Energia Eólica na Perspectiva da Indústria – Subsídios para uma Agenda Estratégica, que elenca 12 temas sensíveis, tais como estímulos à demanda, financiamento, linhas de transmissão, exportação, cadeia produtiva, P&D e Inovação, dentre outros.
Composto por especialistas da ABDI, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), o Grupo formatou o documento após discussões em duas reuniões, realizadas em setembro e em dezembro do ano passado.
De acordo com o presidente da ABDI, Guto Ferreira, a proposta do grupo é discutir, propor e criar subsídios para a formulação de um Plano Nacional de Desenvolvimento Setorial em Energia Eólica na Perspectiva da Indústria. “Ao longo do segundo semestre de 2016, reunimos especialistas e representantes do setor e já temos o esboço desse plano na perspectiva da indústria. O próximo passo é apresentar e discutir o teor das medidas propostas com demais representantes do governo federal, do setor produtivo e com outros atores interessados no desenvolvimento da cadeia produtiva, de modo a reforçar a competitividade da indústria brasileira dedicada a fornecer bens e serviços para o setor de energia eólica”, adiantou o presidente.
Ainda, de acordo com Guto Ferreira, o sucesso da energia eólica é confirmado pela contratação de mais de 14GW no ambiente regulado entre 2009 e 2015, uma taxa de crescimento não observada em outras experiências no mundo. Alguns fatores explicam a vantagem da produção brasileira de energia eólica, como ventos mais favoráveis, especialmente no nordeste brasileiro, complementação com a geração hidrelétrica e a possibilidade de “estocagem indireta” de energia por meio dos reservatórios das usinas hidrelétricas. “Essas características permitem ao Brasil lidar melhor com a intermitência da geração eólica, que é o principal limitante de sua difusão em sistemas predominantemente termelétricos observados em outros países”, observou o presidente da ABDI
Para a presidente executiva da ABEEólica, Elbia Gannoum, o desenvolvimento da energia eólica no Brasil não é apenas uma questão de planejamento energético, mas um assunto estratégico para o País, especialmente para o setor industrial. “A energia eólica é hoje uma das fontes de energia elétrica mais competitiva. Além disso, não apenas a eólica faz bem para o bolso, como também para o meio ambiente”.
Elbia lembrou que, para cumprir o Acordo do Clima, o Brasil precisa de mais eólicas. “O país tem um dos melhores ventos do mundo e um potencial muito maior do que o que precisamos de energia. É, portanto, uma possibilidade de energia limpa, sustentável, de baixíssimo impacto ambiental e que ainda possui uma cadeia produtiva 80% nacionalizada, tendo sido responsável pela geração de mais de 160 mil postos de trabalho. Todos os esforços para que as eólicas continuem a crescer são bem-vindos e farão bem ao Brasil. Unir forças em torno do desenvolvimento da eólica é necessário”, defendeu a presidente.
Fonte: Ciclo Vivo