Basta a chegada de uma leve frente fria e pronto: seu nariz começa a escorrer, seus olhos começam a coçar e você espirra desesperadamente por horas a fio.
Basta a chegada de uma leve frente fria e pronto: seu nariz começa a escorrer, seus olhos começam a coçar e você espirra desesperadamente por horas a fio.
Ou, então, o seu sofrimento acontece quando você, sem se dar conta, escolhe uma blusa que estava há muito tempo guardada.
Pior ainda: você começa a espirrar quando outra pessoa escolhe uma peça de roupa que estava há algumas semanas no armário!
Essas são apenas algumas das situações capazes de despertar uma crise de rinite, uma reação alérgica que ataca os brasileiros mais de 2 milhões de vezes por ano.
O sofrimento causado pelos sintomas já é bastante conhecido pelas pessoas que sofrem com rinite, mas temos uma boa notícia: existe vacina para a rinite – e ela funciona mesmo.
É do Brasil!
Desde meados da década de 1980, o médico otorrinolaringologista Edmir Américo Lourenço, da Faculdade de Medicina de Jundiaí, em São Paulo, está pesquisando o desenvolvimento de vacinas contra a rinite produzidas por ele mesmo.
De acordo com um estudo publicado pelo periódico International Archives of Otorhinolaryngology, Lourenço começou a testar as vacinas em pacientes com rinite alérgica em 2005. Uma década de depois, 79% dos participantes da pesquisa relataram que os sintomas simplesmente sumiram.
O estudo foi realizado em 281 pacientes com idades entre 3 e 69 anos, todos com rinite alérgica e alguns com asma associada. A primeira etapa da pesquisa consistiu em fazer um teste de sensibilidade cutânea nos voluntários para verificar se eles eram alérgicos a ácaros, fungos, pelo de animais, penas e pólen.
Com base nos resultados, Lourenço desenvolveu uma vacina para cada paciente, em uma técnica chamada imunoterapia – que já estava no radar dos cientistas desde 1835, pelo menos, mas agora surge com uma nova roupagem.
Os voluntários receberam mais de 30 vacinas ao longo de 14 meses, acompanhadas de pequenas quantidades de alérgenos – as quais foram aumentando com o passar do tempo.
O resultado foi que, logo depois das primeiras vacinas, os pacientes não sentiam mais o nariz ficar entupido.
Para quem a imunoterapia é indicada?
Os resultados das vacinas costumam ser melhores nos pacientes que produzem anticorpos chamados Imunoglobulina E, conhecida como IgE. Apesar de este ser um sintoma muito comum da rinite, não são todos os pacientes que o apresentam.
Além disso, as vacinas funcionam melhor para pacientes alérgicos a poucas substâncias, principalmente se uma delas forem os ácaros. Ou seja: somente um bom médico alergista pode dizer se a vacina é indicada para o seu caso.
Onde eu consigo esse tratamento?
Em alguns hospitais públicos, é possível fazer o tratamento gratuitamente por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Entretanto, são realmente poucos os locais que oferecem a imunoterapia, de forma que os pacientes encontram uma maior disponibilidade nas clínicas particulares.
O problema é que o preço da imunoterapia não é nada acessível, ficando entre 6 mil e 12 mil reais por ano nesses locais – e o tratamento pode chegar a cinco anos, embora a duração média seja de 14 meses.
Vale lembrar que a imunoterapia não promove a cura total da rinite. Apesar disso, ela é capaz de manter o paciente livre das crises por vários anos depois do tratamento, diferente do que acontece com os medicamentos comuns – se você parar de tomá-los, as crises voltam.
Caso você tenha arrepios só pensar em agulhas, uma boa notícia: os cientistas estão pesquisando uma versão sublingual do tratamento, que deve estar disponível em breve.
Até lá, a dica é manter a casa livre de poeira, evitar entrar em contato com os agentes causadores da alergia e lavar o nariz com soro fisiológico.