Os debates sobre questões raciais e sociais nas universidades - principalmente em relação ao sistema de cotas - são sempre polêmicos.
Unijorge e Estácio apresentam altos índices de diversidade racial entre seus alunos. Instituições de ensino do Sul do país concentram-se nos últimos lugares do ranking.
O debate sobre questões raciais em instituições de ensino sempre geram discussões calorosas. Quando se trata de um país tão diverso como o Brasil, a relevância dessas questões é ainda maior.
Muito se discute sobre cotas raciais/sociais e a dificuldade que alguns grupos sociais têm em ingressar em cursos superiores. Por esse motivo fizemos um estudo sobre a diversidade racial dos estudantes nas Instituições de Ensino Superior (IESs) brasileiras.
Metodologia
Para criar os rankings analisamos os dados disponíveis de todos os alunos com matrícula ativa nas IESs brasileiras. Os dados foram retirados do censo mais recente publicado pelo INEP e são referentes a 2014.
Para classificar o nível de diversidade das instituições usamos o Índice de Herfindahl (IHH). Esse índice é muitas vezes usado por economistas para medir a concentração de mercado e diversificação em setores industriais.
A nomenclatura e divisão das raças/cores segue o padrão utilizado pelo MEC: parda, preta, branca, amarela e indígena. Foram desconsiderados os casos em que a informação aparece como “Aluno não quis declarar raça/cor” ou “Não dispõe da informação“.
Apenas instituições de ensino com mais de 500 estudantes com raça/cor declarada foram consideradas na pesquisa.
De um total de 2.327 IESs, separamos as 100 com o maior número de alunos com raça declarada e organizamos em um ranking de diversidade. As IESs estão em ordem decrescente de diversidade. Ou seja, no topo da tabela constam as IESs com os maiores índices de diversidade racial do país. E no final da tabela aparecem as IESs com os menores índices de diversidade racial do país.
Entre as 100 faculdades e universidades com mais alunos, a UNIJORGE (BA), UFMA (MA) e ESTÁCIO (RJ) possuem os maiores índices de diversidade racial. Cada uma delas com uma etnia predominante. A UNIJORGE com 44,4% de alunos autodeclarados de cor parda, a UFMA (MA) com 44% de alunos autodeclarados de cor preta e a ESTÁCIO (RJ) com 47% de alunos autodeclarados de cor branca.
***
Em seguida, separamos as 25 IESs particulares e as 25 IESs públicas com os maiores índices de diversidade racial do Brasil.
Diferentemente da tabela acima – que contrasta índices altos com índices baixos – as próximas tabelas mostram apenas as IESs com os índices mais altos de diversidade racial no país. Independente do tamanho/quantidade de alunos.
É interessante notar que entre as faculdades particulares, os 6 primeiros lugares ficam com faculdades do grupo Estácio.
Para finalizar, fizemos um ranking do índice médio de diversidade das instituições de ensino em cada estado. Quanto mais perto de 1 for o HHI de um estado, menor é o seu nível de diversidade. Em contrapartida, quanto mais perto de 0, maior a diversidade daquele estado.
O destaque vai para a região Centro-Oeste do país. Os estados da região ficaram no topo do ranking: O Distrito Federal possui, em média, o maior índice de diversidade nas IESs do país. O Mato Grosso do Sul fica em quarto lugar, Mato Grosso em terceiro e Goiás em sétimo.
Bahia e Ceará possuem o maior desvio padrão do ranking. O que significa que existem IESs com níveis de diversidade bastante discrepantes em relação à média desses estados.
Os 3 últimos lugares ficam com os estados da região sul do Brasil – Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.