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Iniciação científica estimula senso crítico e pode ajudar na carreira

18/04/2017 13h22 | Atualizado em: 18/04/2017 13h25

'No fim, é muito bom saber que sua pesquisa teve resultado', diz Beatriz Costella

Desde montar um carro elétrico até identificar qual o número ideal de funcionários da universidade: essas são algumas das inúmeras possibilidades que a iniciação científica pode oferecer a universitários, não importa o período do curso. Com a promessa de ser a porta de entrada para a vida acadêmica, a iniciação científica pode ajudar a identificar pontos fortes e fracos dos estudantes, estimular o pensamento crítico e até ditar carreiras.

No caso do aluno de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Emeric Laky, os 12 meses de iniciação científica abriram portas para o Ciência Sem Fronteiras, programa federal que promove o intercâmbio de estudantes em cujo processo seletivo a pesquisa é considerada um diferencial. Laky deixou o grupo de estudos da UFSCar, que pesquisava o modelamento do motor de combustão interna, e foi estudar na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, por um ano. “Enquanto isso, o grupo se expandiu e hoje está montando um carro elétrico, estudando cada parte do veículo.”

Segundo Laky, a iniciação científica também pode ajudar a desenvolver outras pesquisas acadêmicas. “O tema que trabalhei, especificamente, não me interessa mais. Porém, meu trabalho de conclusão de curso também envolve carro e consigo desdobrar em outras pesquisas, como mestrado.”

Para Giovana Meneguim, estudante de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco, o interesse para participar da iniciação científica veio do assunto que pretendia abordar no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no próximo ano. “Eu já estava disposta a escrever sobre uma senhora analfabeta, nascida no sertão da Bahia, e consegui adiantar a pesquisa”, conta a aluna, que desde abril faz um projeto sobre o estudo de gêneros e formatos de comunicação e produtos midiáticos.

“A pesquisa fala sobre pessoas que, muitas vezes, não recebem destaque no jornalismo porque têm histórias de vida comuns, sem acontecimentos excepcionais.” O projeto trata da importância que esses indivíduos atribuem ao registro de suas experiências de vida, fazendo com que se sintam parte da sociedade por meio das narrativas. Depois da pesquisa, Giovana acha que terá maior embasamento para fazer a monografia no último ano.

Impulso na carreira. Segundo dados levantados pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo (Semesp), 37,4% dos alunos do ensino superior participam de programas de iniciação científica no Brasil. Desses, 74,2% consideram que a pesquisa tem grande contribuição para sua formação acadêmica.

Para a professora Maria Luisa Mendes Teixeira, coordenadora de pesquisa da Universidade Mackenzie, não só a ciência se beneficia, mas também o mercado. “Ao fazer iniciação científica, o estudante aprende a coletar informações e adquire uma visão mais crítica”, diz Maria Luisa. “Vários alunos tiveram uma performance impressionante em suas carreiras. São pessoas que se formaram há dois ou três anos e estão bem posicionadas no mercado.”

Segundo a professora, o ideal é que o estudante busque a iniciação científica no primeiro ano de faculdade, quando é mais difícil conseguir estágio. “Assim, tem mais tempo para a pesquisa. Sem contar que conta pontos na hora de um recrutador selecionar seu currículo.”

A estudante de Administração Beatriz Costella, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), tem a intenção de trabalhar com Recursos Humanos, por isso desenvolveu pesquisa nessa área quando estava no primeiro ano da faculdade. Ela avaliou o nível de estresse ao qual os funcionários administrativos da universidade estavam submetidos e identificou quantas pessoas precisariam ser contratadas para que se atingisse o equilíbrio. “Para diminuir o estresse dos trabalhadores, concluímos que seria necessária a contratação de 50 servidores.”

Beatriz indica a iniciação científica. “Incentivo todos os jovens a fazerem. É uma experiência de muito trabalho, responsabilidade e análise de dados. No fim, é muito bom saber que sua pesquisa teve resultado e pode até levar a uma melhoria.”

Fonte: Estadão Educação