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Rede Brasileira de Criatividade: Uma iniciativa estratégica

05/09/2017 22h44 | Atualizado em: 05/09/2017 22h47

Do ponto de vista econômico e social, o Brasil é um país que eventualmente avança e, em seguida, regride, sem ainda dar mostras de um desenvolvimento duradouro e sustentável. Uma das explicações, entre tantas, é que nossos profissionais e nossas indústrias apresentam produtividades médias relativamente baixas. O que é grave em um cenário de globalização crescente e de altíssima competitividade em termos de produtos e serviços.

Uma das causas da baixa produtividade é nossa escolaridade insuficiente. Ou seja, no competitivo cenário internacional, são poucos os anos de estudo no Brasil e a qualidade do ensino é deficiente. Por outro lado, contraditoriamente, somos uma nação muito rica em recursos naturais e habitada por um povo que dá demonstrações incontestes de alta capacidade criativa e de fácil adaptação a inovações. Sem estes ingredientes sequer teríamos experimentado os avanços que efetivamente temos tido, não nutriríamos os níveis de esperança que ainda temos ou conviveríamos com as persistentes alegrias eventuais, as quais continuamos a desfrutar no dia a dia.


Considerando esses ingredientes, temos um expressivo potencial ainda pouco explorado no segmento econômico associado à indústria criativa. Esse bilionário setor e que cresce ilimitadamente no planeta se caracteriza por entender a imaginação e a criatividade como as matérias-primas principais para seus negócios. De acordo com a Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro), as indústrias criativas geram no Brasil uma riqueza de mais de R$ 150 bilhões (dados de 2015) e sua participação no PIB é crescente, representando hoje algo em torno de 3% da economia nacional. É uma clara demonstração de potencial, mas podemos ir muito além.

A chamada economia criativa inclui áreas como moda, design, softwares, arquitetura, audiovisual, gastronomia, música, entre tantas outras. Contempla, portanto, produtos e serviços vinculados à cultura e arte, à ciência e tecnologia, englobando pesquisa e desenvolvimento, e todos os demais setores nos quais a criação humana faz a diferença na geração do valor agregado.

As metodologias e abordagens educacionais podem, ou não, ter o estímulo à criatividade e ao empreendedorismo como centro. Da mesma forma que nos tornamos hábeis em inibir a criatividade e a desprezar iniciativas empreendedoras, podemos fazer o contrário. O cenário atual das tecnologias digitais representa uma oportunidade única de repensarmos nossos processos de aprendizagem. Dispomos atualmente de ferramentas educativas que propiciam que todos aprendam o tempo todo, levando sempre em conta que cada educando aprende de maneira única e personalizada.

Dentre as inúmeras boas inciativas em curso, a recém-lançada “Rede Brasileira de Criatividade” merece destaque especial. A Rede tem por propósito maior ampliar a rede de colaboração entre pessoas, transformando a criatividade em estratégia real, acessível e aplicada. Pretende-se colaborar para que todos, individualmente ou em grupo, possam encontrar soluções inovadoras nos seus cotidianos.

O projeto, comandado e financiado pelo visionário Prof. Gabriel Rodrigues, está estruturada em três pilares: i) o portal As Coisas Mais Criativas do Mundo, ii) a estruturação de uma Academia de Criatividade, disponibilizando ferramentas para despertar nas pessoas o potencial criativo que todos temos, e iii) a promoção e o incentivo às pesquisas e publicações na área. O primeiro dos pilares já está ativo e operante com surpreendente número de acessos.

No Portal da Rede estarão disponibilizados conteúdos, testes, desafios, ferramentas gerais e um banco de conhecimento gratuitos, com o intuito de incentivar o desenvolvimento da criatividade. A expectativa é contribuir para gerar transformações que impactem em empregabilidade, estímulos à exploração de novos negócios, autonomia intelectual e realização pessoal. Pesquisadores das áreas criativas publicarão artigos e desenvolverão ações que estimulem e colaborem para que professores e agentes educacionais dos vários níveis de ensino incorporem as habilidades criativas como elementos centrais dos processos de aprendizagem.

Em suma, temos graves desafios a enfrentar, especialmente no campo educacional, e dispomos de predicados positivos, entre eles o potencial criativo e o espírito empreendedor, que podem nos ajudar nessas missões. Há que se cumprir as tarefas que restam ser realizadas ao mesmo tempo em que exploramos aquilo que nos caracteriza e pode, em tese, propiciar os elementos diferencias competitivos em escala global.