Considerada um dos símbolos do Paraná, a araucária (também conhecida como pinheiro-do-paraná em algumas regiões) está na lista de espécies ameaçadas de extinção, tanto da União Internacional para Conservação da Natureza, quanto do Ibama. Estudos apontam que apenas 3% da área original deste tipo de floresta ainda segue preservada.
Entre as causas do desaparecimento da espécie estão a conversão das florestas nativas em áreas para agricultura, o crescimento das cidades e a exploração insustentável da madeira. Mas especialistas estão otimistas quanto à reversão desse cenário no longo prazo.
“Nos últimos anos se passou a ver que a floresta em pé também gerava recursos financeiros. Isso começou a acontecer principalmente com a retirada e venda das suas sementes (no caso, o pinhão). A partir do momento em que os proprietários rurais começaram a ver que é possível ter um rendimento econômico, não apenas uma vez, mas praticamente todos os anos, com a colheita do pinhão, passou a haver interesse em manter essa árvore em pé. Então, tendo interesse na extração do pinhão, houve interesse em conservar mais a araucária”, explica o biólogo e engenheiro agrônomo Jaime Martinez, membro da RECN (Rede de Especialistas em Conservação da Natureza).
Matéria-prima vinda da floresta de araucária, o pinhão deve seguir algumas normas na hora da extração. Um dos indicativos do momento adequado para a colheita é a queda de temperatura. Se feita antes da hora, pode gerar prejuízos tanto para o consumidor, como para o meio ambiente, pois interfere na manutenção da árvore e de todo seu ecossistema.
O que ocorre é que muitos coletores se adiantam e removem a pinha ainda na árvore, afetando a germinação de novas plantas. A semente não amadurece e os animais que se alimentam do pinhão também são impactados, pois têm menos alimento disponível, gerando um efeito em cadeia.
Para contribuir para a conservação da floresta de araucária, algumas iniciativas importantes já vem sendo desenvolvidas. Um exemplo vem da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em parceria com a CERTI (Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras). Eles implementaram em Santa Catarina uma ação que agrega valor aos produtos extraídos desse ecossistema de acordo com um padrão sustentável de produção, como o pinhão e a erva-mate, ambas espécies nativas.
Boas iniciativas para inspirar o resto do Brasil!
Foto: Haroldo Palo Junior